Na coleção esbanjaram talento nos looks com jaquetas customizadas, vestidos, camisetas com escritos que representavam a comunicação entre os detentos e o mundo fora da penitenciaria.
A coleção representa a esperança e retrata uma realidade dura de quem tenta ser aceito na sociedade após a vida no crime. Uma cela em tamanho real com "grades" de linha e de lã foi armada na passarela baseados na premissa de que um desfile é uma narrativa, que deve contar uma história.
A mistura alegre de cores, por exemplo, segundo Silvestre, representa a luz e as pessoas que vêm de fora da prisão, como as mulheres, pais, mães, filhos e amigos. Já a música disruptiva, com cortes bruscos e zunidos estridentes, causava um desconforto proposital -- tocou ainda um trecho de Diário de Um Detento, um clássico dos Racionais MCs. “As composições são 100% dos alunos, que são verdadeiros artesãos e coloristas. Tudo foi feito de maneira bem autoral”, diz Silvestre.
O casting do desfile foi composto por pessoas "comuns", modelos negros e convidados que de alguma forma tinham ligação com a penitenciária. Um ex-detento também participou do show. A cantora Luedji Luna, em um longo branco de crochê, recitou na passarela um trecho emocionante de sua música Now Frágil.
"Eu era estilista, estava passando por um momento de incerteza e o crochê mudou a minha vida, me trouxe liberdade e autonomia.Não precisava mais de modelista, cortador, estamparia, nada disso. Eu me bastava com uma linha e uma agulha. Quando recebi o convite para ensinar crochê na penitenciária, pensei que isso poderia ser bom para eles, como foi para mim", diz Silvestre.
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